terça-feira, janeiro 24, 2006

Sonhos

Sonhos! Em meio ao caos, dissabores, angústias e decepções, Deus nos deu um dom que está em todos nós, independente de nossas diferenças e desigualdades, o dom de sonhar. Os sonhos nos fazem sorrir, apesar da dor, da tristeza e solidão que nos sucumbe, pois faz nascer a esperança nos feridos e massacrados. O sonho é um grito na alma, que luta por liberdade, que clama por um lugar entre os livres de espírito.

Contemplamos o mundo, e muitas vezes estamos entre o equilíbrio e o desespero, e somente o sonho nos faz acreditar no amanhã, apesar dos obstáculos e aparentes incertezas, haverá um amanhã onde a paz de espírito não será de alguns, mas de todos, onde a desigualdade não encontrará lugar, pobres e ricos não existirão, e a paz não permitirá que venham a lembrança que um dia o sofrimento assolou nossas vidas e almas. Não nos lembraremos que um dia muitos foram massacrados pela dor de serem subjugados e tratados como escória, marcados na pele, pois não nasceram entre nobres, o mundo não os permitiu não sentir fome, estudar em escolas dignas, ter uma formação acadêmica e ser tratado sem discriminação.

No desespero, muitos acreditam nos profetas do "deus" que barganha, que dá, mas em troca do que se lhe dar, um pouco em troca muito, e observamos pobres almas sofridas e castigadas, ludibriadas pelos lobos da religião, entregarem o que conseguiram com anos de luta e labor, ao "deus" que recompensará o seu sacrifício. E ao perceberem que foram enganados, pois a situação não mudou, tudo continua como antes, e choram amargamente, pois "deus" os trouxe ao mundo para serem miseráveis, nasceram para sofrer, é o destino! Foi traçado no nascimento! Não se pode mudar. E os lobos continuam com sua fome que não cessa, enganando pobres almas.

Deus implantou em nossas almas o dom de sonhar! Acredite! Deus tem o melhor para você. Sonhe, não desista de seus sonhos. Sonhe com um mundo melhor, lutemos pelos nossos ideais. Não pare no campo de batalha. Existe todo um horizonte a ser conquistado. Voe, e voe alto, não existem limites para os que sonham. Sonhe!!!

sexta-feira, janeiro 20, 2006

Antes acusado pelo demônio

No Sermão da Segunda Dominga do Advento, Vieira afirmou que antes quisera ver-se acusado do demônio do que julgado de homens:

"Porque os demônios apenas acusam as obras e palavras, ao passo que o homem julga e condena até os mais íntimos pensamentos, muito embora os não possa conhecer. No juízo de Deus as nossas obras defendem-nos, no juízo dos homens o maior inimigo que temos são as nossas boas obras. Não há maior delito no mundo do que o ser melhor. Um grande delito mais vezes achou piedade; um grande merecimento nunca lhe faltou a inveja. No juízo de Deus perdoam-se os pecados como fraquezas; no juízo dos homens castigam-se as valentias como pecados. Deus vos livre de vossas obras, e muito mais das grandes, pois muito mais seguro é ir com pecados ao juízo de Deus, que com milagres ao juízo dos homens! Em Deus há misericórdia, na inveja não há perdão."

segunda-feira, janeiro 16, 2006

E as crianças?

Outro dia participei de um fórum no Orkut sobre o tópico "Todas as crianças são salvas?". Citei minha opinião e a complementei com a posição de R.C. Sproul, como segue:

"Os meus argumentos partem da pergunta 'Todas as crianças que morrem são salvas?'. Para essa indagação respondo sim, são salvas. Concordo com R.C. Sproul que nos diz 'A qualquer hora que um ser humano morre antes de alcançar a idade da responsabilidade (que varia de acordo com a capacidade mental), precisamos confiar em provisões especiais da misericórdia de Deus. A maioria das igrejas crê que existe tal provisão especial da misericórdia de Deus. Esta posição não envolve a suposição que as crianças são inocentes. Davi declara que ele nasceu em pecado e foi concebido em pecado. Com isto ele estava se referindo obviamente à noção bíblica de pecado original. Pecado original não se refere ao primeiro pecado de Adão e Eva, mas ao resultado daquela transgressão inicial.' (R. C. Sproul, Surpreendido pelo sofrimento: ouça o chamado de seu Pai amoroso para suportar o sofrimento. São Paulo: Cultura Cristã, 1998. pp. 184.) Creio que precisamos confiar em provisões especiais da misericórdia de Deus, não concebo um Deus que decreta a morte de infantes para o inferno."

A minha resposta não foi bem aceita, e entre os contra um afirmava que minha posição estava embasada na emoção. Infelizmente, por descuido, não coloquei "biblicamente" na frase "não concebo um Deus que decreta a morte de infantes para o inferno". Santo Agostinho adotava a posição que as crianças não-batizadas "teriam como destino um círculo infernal com sofrimentos menores", o limbo. Posição que o Vaticano adotou por muito tempo, o termo não mais aparece no catecismo e o Papa Bento XVI convocou uma comissão de 30 teólogos para eliminar o limbo.

Enquanto o Vaticano decide como eliminar o limbo, eu continuo com a posição de R.C. Sproul e com a de Charles H. Spurgeon quando em "Uma Defesa do Calvinismo" afirma "Eu creio que haverá mais pessoas no Céu do que no inferno. Se alguém me perguntar por que penso assim, responderei: porque Cristo em tudo há de ter o primado, e eu não posso conceber como Ele pode ter o primado se houver mais pessoas nos domínios de Satanás do que no Paraíso. Além do mais, eu nunca li que há de haver uma grande multidão, que ninguém pode contar, no inferno. Regozijo-me em saber que as almas das criancinhas logo após morrer, se apressam em seu caminho ao Céu! Imagine a multidão deles!!" [grifo meu].

"Cuidado, não desprezem nenhum destes pequeninos! Eu afirmo a vocês que os anjos deles estão sempre na presença do meu Pai, que está no céu." Mt. 18.10

sexta-feira, janeiro 13, 2006

Nem todos se sentem escravos

Quanto a postagem anterior certas observações precisam ser acrescentadas. Alguém, que eu considero muito especial, chamou minha atenção, pois de certa forma a ofendi por ser membro da denominação que foi motivo de minha crítica ou desabafo, mas em hipótese alguma a ofenderia e não tive essa pretensão.
Continuando... Não posso negar que tive bons momentos na "Deus é Amor", consegui amizades e uma experiência única, lições que me fizeram crescer, como disse Jorge Oliveira "A vida de um cristão é uma aprendizagem contínua". O meu problema não é com a denominação, é com o legalismo, que não concordo, insisto em não concordar, pois o considero uma doença. Não comecei a minha caminhada nesta denominação e não foi o meu primeiro contato com o legalismo. As raízes são outras, e durante anos vivi uma luta interior, mas não são todos que vivem essa luta! E não posso deixar de demonstrar a minha compreensão aqueles que se sentem livres, apesar de aos meus olhos estarem presos. As minhas inquietações me fizeram questionar, e foi o meu questionamento o motivo de minha cura, pois me fizeram procurar respostas na Bíblia, e as correntes foram quebradas. Foram quatro anos de aprendizado que me ajudaram a crescer, e não posso negar, foram bons momentos...

sábado, janeiro 07, 2006

"A minha graça te basta..."

Li a carta anônima de um pastor da "Deus é Amor" em um site. A leitura me fez lembrar dos quatro anos que fui membro e obreiro desta denominação. Na carta lemos a alma deste pastor, que por anos defendeu e obedeceu os costumes como "doutrina", até o momento que os seus olhos foram abertos pela leitura das Escrituras. Hoje se encontra em luta, pois é pastor da denominação, e deseja ser expulso, para pregar o evangelho genuíno da graça de Deus.
Também preguei os costumes e as "revelações", e denominei aqueles que eram contra como rebeldes, mundanos e carnais. Porém, interiormente se encontrava em uma luta interior, pregava e mostrava nas Escrituras que o que defendíamos era a verdade, mas os versículos eram forçados, manipulados para afirmar o que não afirmavam. Comecei a questionar, a ler a Bíblia Sagrada sem as óticas da denominação, e as verdades da graça de Deus começaram a ecoar na minha alma.
Lembro quando subi no púlpito no culto de "doutrina" para defender o item do Regulamento Interno que dizia que "as irmãs não podiam cortar o cabelo, pois era pecado." Os meus argumentos eram complementados com a sinceridade de um devoto fiel, pois acreditava ser a verdade o que era imposto, apesar de interiormente uma luz dizer que não. Outro dia, fui explicar a "revelação" que a televisão era a imagem da besta (um absurdo!!!), eu sabia que não, e qualquer leitor da Bíblia sabe que não, porém tive que de certa forma defender a posição do nosso "líder" com "base" nas Escrituras e convencer os membros que sim, a televisão era "a imagem da besta". E tantos outros argumentos, que não passavam de mentiras, para defender os costumes e regras. No auge do legalismo li o livro "É proibido, o que a Bíblia permite e a Igreja proíbe" de Ricardo Gondim. Conclui a leitura e critiquei o livro em uma de minhas mensagens e denominei Gondim de apóstata, proclamador de heresias. Hipocrisia! Interiormente eu sabia que o livro retratava a verdade, que nós queríamos encobrir.
Os membros a quem eu pregava eram almas doentes, como eu, andávamos com medo do inferno se abrir abaixo de nós e nos tragar. Relatos dos mais absurdos presenciei. Um dia uma irmã me procurou para me perguntar sobre certo "pecado", a minha alma chorou, eu sabia que não era pecado, mas como líder não podia ser contra o que o nosso "livrinho de leis espirituais" ditava. Com cautela procurei dizer que não era pecado, mas foi em vão minha tentativa, o supervisor em uma reunião desfaz o que eu havia dito. Eu não mais suportava o legalismo e a hipocrisia dos líderes, que no púlpito maltratavam os membros com palavras ásperas, mas suas vidas eram completamente diferentes do evangelho de Cristo.
Hoje olho para trás e me pergunto como fui capaz de defender heresias, costumes e regras que escravizam a alma. Não estou no dilema do pastor que espera ser expulso, saí para viver o evangelho de Cristo. Mas são muitos que até hoje sofrem, vítimas de vítimas, um ciclo que está longe de ter fim. Graças a Deus, porque um dia a voz dos céus bradou no meu coração "a minha graça te basta...", libertando-me das correntes que me escravizavam.

sexta-feira, janeiro 06, 2006

Minhas inquietudes

Inquieto é como me defino. Para muitas perguntas e poucas respostas, frustração é o resultado. Posso muito bem fazer como muitos, concordar com as respostas preestabelecidas e continuar a minha jornada. Porque parar para procurar respostas, que são incógnitas onde os maiores matemáticos da vida não encontraram o resultado? É muito simples, aceitar como enigma ou um código, onde poucos decifram, e quando decifram são considerados loucos ou alienados. É preço que pagam por irem contra o que está fundamentado ou encravado. Afinal de contas a que estou me referindo? Ao que sou, ao que somos, ao mundo. Somos reais e existe um propósito para nossa existência. É muito simples e ao mesmo tempo complexo. Onde não encontramos respostas colocamos uma placa com letras garrafais "MISTÉRIO". Não é querer se limitar, é ir até onde podemos ir. Estás disposto a tentar decifrá-lo? Prepare-se para a loucura, para uma viagem onde poucos trilharam e foram bem sucedidos. Por isso estou inquieto, aflito, porque sou uma incógnita, um enigma não decifrado.